ESCRITORES

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A Hora da Estrela - Filosofia poética de Clarice Lispector

"A hora da estrela é um dos grandes livros do mundo e tudo aquilo que Clarice faz é filosofia poética ou poesia filosófica." [Hélène Cixous, escritora e crítica francesa]
Obra de despedida de Clarice Lispector, A hora da estrela foi lançada pouco antes da morte da escritora, em 1977, e logo se firmou como o seu romance mais popular, posto no qual permanece até hoje. Ao completar 30 anos, o livro ganhou uma edição especial pela Editora Rocco, com direito a novo projeto gráfico e dois CDs contendo o texto integral do romance na voz do ator Pedro Paulo Rangel e participação especial da cantora Maria Bethânia.
A hora da estrela tem uma trama dupla. É, por um lado, o relato da vida triste e sem perspectiva da alagoana Macabéa, que pontua sua vida de solitário e silencioso desespero com as informações do Você sabia? da rádio Relógio, sinistro metrônomo a comandar o ritmo inútil de seus últimos dias de vida. Para a cartomante Carlota, a quem Macabéa procura em busca de um sopro de esperança, esses dias derradeiros deveriam ser coroados com o casamento com um estrangeiro rico. Mas, em sinistra ironia, Macabéa termina sob as rodas de um automóvel de luxo Mercedes-Benz.
Por outro lado, A hora da estrela estabelece uma reflexão sobre a escrita e sobre a morte da própria escritora, por intermédio do alter-ego de Clarice, o escritor Rodrigo, que se sabia condenado por uma doença terminal. Desta forma, dois níveis de existência se fundem e dialogam entre si: a vida estéril da personagem incapacitada pela pobreza e as condições sociais, e a vida fértil do escritor, mestre do destino de seus personagens, mas tão vítima quanto eles diante do Destino maior e inexorável.

As desventuras cariocas da nordestina Macabéa foram transpostas para o cinema pela diretora Suzana Amaral em 1985, num filme hoje considerado clássico e que foi consagrado com o recordista de premiações no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro ao arrebatar 12 troféus. Além disso, revelou a atriz Marcélia Cartaxo, consagrada como o Urso de Prata do Festival de Berlim de 1986, e foi um dos filmes nacionais mais vistos no exterior, por ter sido vendido para mais de 20 países.
Para a versão em áudio dessa que é a obra máxima de Clarice Lispector, foi escolhido o ator Pedro Paulo Rangel, consagrado como o maior especialista brasileiro deste tipo de transposição do texto literário para o teatro com a peça Soppa de Letra, idealizada e interpretada por ele, com a qual conquistou o Prêmio Shell de Melhor Ator de 2004. Seu magistral trabalho de leitura é complementado pela participação especial da cantora Maria Bethânia, que narra a dedicatória do autor. Fã incondicional de Clarice, a cantora, desde o começo de sua carreira, sempre intercalou a leitura de trechos de livros da escritora às canções que interpretava em seus shows.

Fragmentos do filme: Fragmento-1, Fragmento-2,
Adaptação da obra p/ TV: Fragmento-1, Fragmento-2 

Marília Librandi fala sobre A hora da estrela, de Clarice Lispector. Professora do Departamento de Culturas Latino Americanas e Ibéricas da Stanford University, nos EUA, Librandi vai dedicar seu próximo livro, Writing by Ear and The Acoustic Novel, à escritora brasileira nascida na Ucrânia.


         

10 comentários:

Ester disse...

Olá Luiz!

Esse livro marcou uma fase muito boa da minha vida, quando estava na faculdade. Trouxe-me lembranças e saudades,
gostaria de ver o filme e ter um olhar diferente sobre a concepção lispectoriana,

abraço, amigo!

Gisa disse...

Para mim, Clarice é absoluta. Este livro em especial carrego com muito carinho no coração, pois foi através dele que tive meus primeiros contatos com o mundo literário da autora.
Um bj querido amigo.

Ariadne disse...

Esses livro é sensacional, adoro Clarisse! E suas resenhas são sempre impecáveis se alguém ainda não tiver tido o prazer de lê-lo, certamente o terá após ler sua resenha! Amei! Beijos, Luiz!

Aleatoriamente disse...

Adoro a escrita de Clarice.
Adorei o texto Luiz, sempre bom saber mais dela.

Com carinho.
Fernanda.

Anônimo disse...

Oi Luiz,
Clarice tem um lugar especial na minha vida e no meu coração. Fiquei com vontade de ver o filme.
Parabéns pela resenha.

Abraço

Felicidade Clandestina disse...

Que saudades daqui! Como está meu caro?

ah, Maca...
estou relendo ele.

o filme é tão belo.
Suzana Amaral conseguiu captar na atriz esse olhar perdido de Macabéa, esse busca de si.

vou rever o flme =) deu saudade.

Anônimo disse...

Luiz,
Na minha humilde opinioão você acertou em cheio. Eu sou apaixonada por Clarice Lispector, ela tem uma capacidade única de entrar na reminicências da alma humana, tanto que não sabia o quanto tantos gostam dela. Tenho notado que nesse mundo dos blogs, uma infinidade de pessoas a utiliza para falar deles, para se descreverem, etc.
Beijos.

Anne Lieri disse...

Luiz,realmente um livro marcante,muito lindo da Clarice!Adorei seu destaque!Abraços,

Lívia Azzi disse...

Fernando Sabino escreveu para Clarice Lispector: A gente sofre muito, o que é preciso é sofrer bem, com discernimento, com classe, com serenidade de quem já é iniciado no sofrimento.(In: Cartas perto do coração). De acordo com Kety Franciscatti, sofrer bem como expressão literária é encarar a morte em vida para que deste estado a vida seja potencializada. Muitos personagens de Clarice como Macabéa (alusão irônica aos sete macabeus, personagens bíblicos) e Virgínia em "O Lustre" são melancólicas e vivem uma vida medíocre, uma sobrevida... Paradoxalmente, apenas no momento da morte é que a vida lhes é enaltecida, como estrelas.

Um abraço!

Eliete disse...

Luis,
falar deste livro é falar de uma paixão antiga. Quando o li pela primeira vez algo mexeu dentro do meu coração. Um mistério! Não quis assistir o filme para não perder esta sensação. um abraço