Essas sete musas mal-assombradas
de cabeleiras ruivas, encardidas,
são santas de bocetas encarnadas,
trazem entre as mãos minhas sete vidas.
As cabeleiras ruivas dessas musas
são trepadeiras místicas em rito,
um anelo claro como um oráculo
a escalar as formas breves do mito.
São sete noites vividas por Borges,
são sete fadas da ilha de Lesbos,
são sete acordes de Joaquín Rodrigo,
são sete facas de Aderaldo, o Cego.
lamber vossos cus é meu paraíso!
A plenitude de vossas entranhas
é o aconchego destes meus delírios.
Sete musas grávidas, musas graves,
a gravidade não pesa no abrigo.
A minha voz é um caminho cego
como Borges, Aderaldo e Rodrigo.
Ah minhas sete irmãzinhas serenas,
vamos jogar enquanto há tabuleiro,
sete damas-rainhas, sete Helenas,
sou vosso servo, vosso cavaleiro.
Musas oblongas, ventres salientes,
em vossas carnes quentes eu reparo,
de fora a fora, com prazer e encanto,
as sete faces de Remedios Varo. [Poema do livro ROSEIRAL]
"“Sete” é um livro marcado a ferro pela poesia de José Inácio Vieira de Melo: exaltada, sensual, repleta de metáforas. [...] A poesia quase religiosa e agudamente erótica aproxima José Inácio dos poetas místicos e dos profetas bíblicos e sertanejos, com delírios em que se misturam os sete olhos de Deus e a besta infernal do Apocalipse. Seth é um guardador de rebanhos e de notas musicais, buscando alcançar a harmonia entre o mugido dos bois e os sons do piano. A música se assume poesia – e vice-versa – em “Concerto para cavalos”, embora ela já estivesse incorporada desde o mais remoto verso de José Inácio. Em “Sete”, porém, ganha o batismo de sopranos, barítonos, tenores, coro uníssono, relinchando em todas as almas, numa ode à alegria". RONALDO CORREIA DE BRITO
Para saber mais sobre a obra do poeta José Inácio Vieira de Melo, acesse:
[jivmcavaleirodefogo.blogspot.com.br]
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