Uma verdadeira ode à Espanha, mais específico à Catalunha. Intensa, visceral, regi stra a ascensão do movimento New Wave [Nova Onda], o cubismo de Picasso, o pianista Thelonius Monk, o arquiteto Antoni Gaudi, a expressão catalã “Orchata de chufa, si us plau” [chufa, por favor], uma bebida muito apreciada na Catalunha, as ramblas [ruelas] de Barcelona, desfila pelos movimentos punks de Londres, atravessa a bolha de Tel Aviv, desaguando nos caretas de Nova York.
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Esta música é como a maioria das letras de Caetano, dá a impressão que entramos num mundo onírico de devaneios sem sentido, mas como puro símbolo, podemos interpretá-lo da forma que quisermos. Para mim, existem algumas frases que gosto de repetir com um sentido próprio. São elas:
Primeiro: “Vaca profana põe teus cornos para fora e acima da manada.”
Quando digo isso, estou me referindo a sair do comum, do comportamento “normal”, igual, esperado. Chamo as pessoas para sua particularidade, seu existir só. Ousar se antenar com outra realidade. Cornos são como antenas que nos ligam ao universo, ao todo. Para fora e acima é ser você é ter coragem de sobressair de ser único.
A outra frase famosa dessa música é: “De perto ninguém é normal.”
Muita gente usa essa frase no sentido de que na intimidade vemos as imperfeições do outro, suas manias, medos, taras, seus desvios. Sim, na intimidade nos desnudamos da máscara/fantasia de seres absolutos, sem falhas. Mas o que eu mais gosto nessa frase é que ela dá uma volta na história da música, como se fosse um amadurecimento, um crescimento da pessoa, que passa a música toda desejando o mal para quem ele acha que está errado, julgando quem é careta, mas de repente ele se vê fazendo o mesmo, cometendo erros. Ele vê seu lado obscuro e percebe que a vida é branca e preta, meu bem e meu mal.
Por: Nanda Botelho, em: [Múltiplas Realidades]
Gal Costa interpreta "Vaca Profana" [música de Caetano Veloso], em momento inédito da canção que era apresentada para todo o Brasil. Gal Costa, como sempre: linda, intensa, profana!
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