ESCRITORES

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Um útero é do tamanho de um punho - Angélica Freitas


Muitas pesquisas discutem o lugar da mulher na sociedade, nas artes, no trabalho. Até meados do século 20, a Academia Brasileira de Letras, atualmente presidida por Ana Maria Machado, era uma instituição exclusivamente masculina. Hoje, há diversas autoras reconhecidas na cena literária. Entre elas está Angélica Freitas, jornalista, tradutora, ensaísta, coeditora da revista de poesia Modo de usar & co., gaúcha de Pelotas, onde nasceu em 1973 e autora de dois livros de poemas muito provocativos. 
Rilke Shake [2007], sua primeira obra, brinca com um grande nome da literatura alemã, Rainer Maria Rilke, no título e em versos como: "salta um rilke shake/ com amor & ovomaltine" [p. 39]. Essa trilha do humor desconcertante é seguida também por seu segundo livro, Um Útero é do Tamanho de um Punho, contemplado no Programa Petrobras Cultural, eleito o melhor livro de poesia de 2012 pela Associação Paulista dos Críticos de Arte [APCA] e finalista no prêmio Portugal Telecom. Composto por 35 poemas distribuídos em sete partes, Um Útero... tem como centro as mil e uma imagens de mulher que povoam nosso imaginário, da santa à serpente, desconstruindo estereótipos para nos lembrar que "a mulher é uma construção/ deve ser" [p. 45]. Nos giros dessa escrita de liquidificador, feita com o movimento de lâminas cortantes, são misturados estilos, períodos, referências díspares, em um processo citacional que dessacraliza o texto e a criação literária. A poética demolidora de Angélica flerta com o nonsense e não teme rir do que quase sempre é tratado com gravidade: o amor, a mulher, a língua, a escrita.

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