“O leitor tem em mãos, diante dos olhos e do coração, uma obra-prima que retrata o itinerário espiritual de uma mulher de 47 anos.” - Frei Betto
Até a chegada dos manuscritos de Santa Teresa, a igreja católica vivia sob os preceitos do teocentrismo. O que fez esta mulher letrada (uma raríssima exceção para a época), autodidata e visionária foi tirar Deus do centro do universo para colocá-lo no cerne da alma; em outras palavras, trouxe à tona a figura do homem moderno, que vive em busca de si mesmo e está pronto para experiências místicas.
Livro da vida é o clássico mais lido pelos espanhóis depois de Dom Quixote, de Cervantes. Em notável prefácio, escrito especialmente para esta edição, Frei Betto descreve Teresa da seguinte maneira: “Feminista avant la lettre, esta monja carmelita do século XVI, ao revolucionar a espiritualidade cristã, incomodou as autoridades eclesiásticas de seu tempo, a ponto de o núncio papal na Espanha, Dom Felipe Sega, denunciá-la, em 1578, como ‘mulher inquieta, errante, desobediente e contumaz’”.
Esta edição traz também uma esclarecedora introdução de J. M. Cohen, especialista em literatura de língua espanhola e um dos mais notáveis homens de letras da Inglaterra no séc. XX. Completam o volume as notas e as indicações de leitura feitas pelo tradutor brasileiro Marcelo Musa Cavallari.
Santa Tereza d’Ávila foi beatificada em 1614; canonizada em 1622 e proclamada Doutora da Igreja em 1970. São palavras de Paulo VI, na proclamação de seu doutoramento como mater spiritualium: é “uma mulher excepcional, como uma religiosa que, coberta inteiramente pelo véu da humildade, da penitência e da simplicidade, irradia a sua volta a chama da sua vitalidade humana e do seu dinamismo espiritual, incomparável na contemplação e infatigável na ação. Como é grande, como é única, como é humana e como é atraente essa figura!”
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