" Teus Seios "
Teus seios... quando os sinto, quando os beijo
na ânsia febril de amante incontestado,
- são pólos recebendo o meu desejo,
nos momentos sublimes de pecado...
E às manhãs... quando acaso, entre lençóis
das roupagens do leito, saltam nus,
- lembram, não sei, dois lindos girassóis
fugindo à sombra e procurando a luz!...
Florações róseas de uma carne em flor
que se ostenta a tremer em dois botões
- na primavera ardente de um amor
que vive para as nossas sensações...
Túmidos... cheios... palpitantes, como
dois bagos do teu corpo de sereia,
- tem um rubro botão em cada pomo
como duas cerejas sobre a areia...
Quando os tenho nas mãos... Quantas delícias!...
Arrepiam-se, trêmulos , sensuais,
e ao contato nervoso das carícias
tocam-me o peito como dois punhais!...
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Meu lúbrico prazer sempre consolo
na carne destas ondas revoltadas,
- que são como taças emborcadas
no moreno inebriante do teu colo...
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Teus seios... são as fontes onde os loucos,
saciar a sede, tentam, da paixão,
- sede que mata e que sufoca aos poucos...
Teus seios!... Nada existe que os encarne!...
- São divinos pecados da Criação,
são dois poemas de amor feitos de carne!...
[Poema de J.G. de Araujo Jorge] extraído do livro
"Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou"
A mais bela forma
"Eguchi sentia uma ternura quase triste na sua alma serena. Contentou-se em tocar com delicadeza os seios da garota para certificar-se de que não estavam molhados; nem lhe passou pela cabeça o desejo descontrolado de assustar a menina, que despertaria muito depois dele, ao fazê-la notar no bico de um deles uma mancha de sangue. Entretanto, o velho divagava, refletindo sobre como era possível que, dentre todos os animais, somente a forma dos seios da mulher tenha adquirido, após longa evolução, um formato tão belo. O esplendor alcançado por eles não seria a própria glória resplandecente da história do ser humano?"
Trecho de A Casa das Belas Adormecidas de Yasunari Kawabata
