Nessa notável canção de Milton, o drama existencial transcende o âmbito da filosofia acadêmica e atinge a arte popular. Na inspiradíssima letra, o homem dialoga com a onça Yauaretê, pedindo-lhe - a ela que já atingiu seu processo de autorrealização, a excelência do ser, seu ser-onça, que lhe ensine o correspondente ser-homem.
Senhora do fogo
Maria Maria
onça verdadeira me ensina a ser realmente o que sou
põe a sua língua na minha ferida, vem contar o que eu fui
me mostra meu mundo
quero ser jaguaretê
Meu parente, minha gente, cadê a família onde eu nasci
cadê meu começo, cadê meu destino e fim?
para que eu estou por aqui?
Senhora da noite
senhora da vastidão
ouvir pegadas e pegar
seguir a sina de sangrar pra se alimentar
tem de guerrear, lutar, matar pra sobreviver
pois assim é a vida
Quem vem lá? é onça que já vem comer
quero ser a onça, meu jaguaretê
quero onçar aqui no meu terreiro
vou onçar sertão e mundo inteiro
já está na hora da onça beber o seu
vou dançar com a lua lá no céu
Dama de fogo
Maria Maria
onça de verdade, quero ter a luz, ouvir o som caçador
me diz quem sou, me diz quem fui
me ensina a viver meu destino
me mostra meu mundo
quem era que eu sou?
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