"Roberto Bolaño, escritor chileno que viveu no México e na Espanha, morto precocemente, é enfim reconhecido pela obra brilhante. E agora sua fama aumenta tanto, que já não combina com o que ele foi de fato.
[...] Narrador compulsivamente legível, cordial a princípio, atraente até o arrebatamento, um inesgotável contador de histórias cuja escritura, empurrada por uma tração sem freios, arrasta-se de uma anedota a outra, de um personagem a outro, de uma paisagem a outra, em um torvelinho alucinado que deixa o leitor sem fôlego. Não; como tantos grandes escritores de todas as épocas, Bolaño não foi, de jeito nenhum, uma exceção, foi, sem que talvez nem ele suspeitasse - e sem que acaso seu obstinado espírito de contradição se sentisse muito confortável com isso -, uma soberba e inesperada confirmação da regra".
Por Javier Cercas, Revista EntreLivros, edição 26
"Este inventor chileno maravilhosamente estranho, que foi um realista equilibrado e um poeta especulativo, morto em 2003 aos 50 anos, tem sido reconhecido há alguns anos no mundo hispânico como um dos maiores e mais influentes escritores modernos. Muitos dos autores da mais bem-sucedida e ousada ficção do pós-guerra têm se dedicado à sentença longa e dramática (Bohumil Hrabal, Tomas Bernhard, W. G. Sebald, José Saramago). Bolaño os acompanha. O controle musical é impecável, e o leitor é pego pela habilidade de Bolaño de perpassar - de forma inverossímel, como alguém chutando uma folha - imagem por imagem em sua frase longa, leve, etérea.
O autor poderia facilmente ser excessivo, e não é; ao contrário, o esvoaçar estilístico está, na verdade, ancorado pela precisão e por uma espécie de comédia lacônica. As suas longas frases se estendem como poemas. Não é de surpreender que Bolaño tenha escrito poesia antes da ficção".
Por James Wood, do Book Review
O Entrelinhas destaca a trajetória do escritor chileno que renovou a literatura latino-americana. Bolaño morreu vítima de uma longa doença no fígado, mas deixou várias obras inéditas, que vêm sendo publicadas nos últimos anos e misturam de forma delirante elementos do romance policial e da alegoria política.
Veja também outro vídeo sobre a vida e obra de Roberto Bolaño:
[Roberto Bolaño: el último maldito]
Saiba mais sobre a obra do autor, acessando:
[Digestivo Cultural - O impacto de Bolaño]
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