ESCRITORES

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Auto da Romaria - O talento, a coragem e a transcendência do mundo na obra do poeta João Filho

Auto da Romaria - Poesia - Imaginação Mítica
João Filho: o talento, a coragem e a transcendência do mundo
Por Adalberto de Queiroz - 10/01/2018 - Edição 2216
O que dizer do poeta João (Fernandez) Filho e deste seu “Auto da romaria”? Bem, tenhamos como pressuposto: João Filho é poeta que deve marcar seu nome na história da poesia brasileira do século XXI. Seu lugar não está reservado apenas entre os poetas católicos, mas, com certeza entre os grandes da poesia de nossa época. E o que me leva a fazer tal aposta?
A este “Auto da romaria” poderíamos sem dificuldade aplicar aquela reflexão de Vicente Ferreira da Silva que, citando o pensamento hegeliano, para quem “tudo quanto o homem pensou de si mesmo e do mundo, a sua auto representação dependeriam de sua representação de Deus”. E mais: o passo seguinte à esta afirmação de Hegel, a de Schelling e de Bachofen “de que o mito conforma e possibilita a História”; ou seja: estou apto a pensar que João Filho, ao criar a sua visão de sua aldeia e de nos apresentar os passos do Nosso Senhor dos Passos – de sua cidadezinha do interior do Nordeste; e de toda a mitologia que envolve a pequena Bom Jesus da Lapa, na Bahia, está ele no fundo nos colocando no centro da História do personagem mais histórico, elevando sua aldeia ao patamar de centro do mundo.
Afinal, “a imaginação mítica, poética, artística e religiosa assume um papel cada vez mais saliente na condução da História, na determinação do pensamento” – recorda-nos Ferreira da Silva.
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De um livro assim, que levou dezessete anos para ser concluído, podemos inferir que há algo maior, fruto que deve ser colhido como fruto raro – afinal, “viver sempre foi esse exercício – do último, do último minuto”. O livro do João se inscreve como marco do “fazer no absoluto”, não como um livro a mais, senão que o mais importante na vida do leitor de poesia brasileira, seja este católico ou infiel, pois dele exala a mais fina tradição da poesia católica brasileira, mesclada à vida do século. Terá o leitor facilidade em ver que há neste “Auto da romaria” um poeta consciente de seu ofício, mesmo que aqui e ali salte a presença forte da tradição regionalista nordestina; entretanto, ele poderá ir mais além se pensar que em João nada é inconsciente.
Leia o texto completo sobre esta obra do poeta João Filho, acessando:

O poeta João Filho fala sobre sua infância em Bom Jesus da Lapa, sobre os temas com que trabalha e sobre sua relação com a internet, com a poesia e com a leitura. Ao término, lê trechos do conto "Encarniçado ou Anotações de um comedor de cânhamo", do livro "Encarniçado", do conto "O que se desloca", do livro "Ao longo da linha amarela", e do livro inédito de poesias "Voo sem pouso".



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