Publicada nos Estados Unidos em agosto de 2009, a nova biografia de Clarice Lispector, escrita pelo norte-americano Benjamin Moser, conquistou um destaque a que a literatura brasileira não está acostumada. Para citar apenas os grandes jornais, Clarice foi notícia no New York Times, The Times, Economist, Los Angeles Times, e chegou a ser comparada a James Joyce, Jorge Luis Borges, Virginia Woolf e Franz Kafka. Eleito o livro do mês na Amazon.com, já teve duas reimpressões. Aquela escritora misteriosa, de um país distante, com uma obra vasta escrita numa língua estranha, caiu no gosto dos leitores.
PESQUISA INÉDITA
Numa pesquisa inédita, o autor percorreu todos os lugares por onde os Lispector passaram, da agreste Podólia (região da Ucrânia) ao célebre apartamento no Leme onde a escritora viveria o resto da vida, passando pelo Recife da infância e as cidades onde Maury Gurgel Valente, seu marido diplomata, serviu.
Outro ponto alto do livro é a escrita de Benjamin Moser, que soube encadear numa narrativa envolvente trechos de textos de Clarice, de seus contemporâneos, depoimentos e documentos inéditos. Postas lado a lado, duas citações já conhecidas muitas vezes ganham um novo e inesperado sentido. Revelam-se, assim, aspectos desconhecidos da vida da escritora.
A habilidade narrativa de Moser também é visível nas relações que ele tece entre vida e obra. Como não poderia deixar de ser, o relato da vida de Clarice é pontuado por seus escritos. Não se trata de explicar de maneira reducionista a vida pela obra ou vice-versa; mas fazer com que uma funcione como caixa de ressonância de outra. Assim, a cada capítulo o narrador se volta para o livro que Clarice estava escrevendo ou publicando naquele momento, o que faz da biografia também um guia de leitura, uma porta de entrada para o universo clariciano.
O MISTÉRIO CLARICE
Não é de hoje que críticos, biógrafos, pesquisadores, jornalistas, artistas de cinema e teatro tentam decifrar Clarice Lispector. Seu rosto é reproduzido à exaustão em livros, na internet, em selos postais e até em literatura de cordel, tornando-se um ícone da cultura brasileira. O mistério estampado no rosto da escritora, no entanto, permaneceu renitente. Por isso é que, na edição brasileira, Benjamin Moser e a Cosac Naify apostaram não em imagens, mas numa narrativa, para dar conta desse mistério. O livro contém apenas uma imagem de Clarice: e mesmo assim seu rosto não aparece na capa, apenas na lombada do livro e numa foto interna, em projeto gráfico de Luciana Facchini. O título do livro em português – Clarice, – remete à proverbial vírgula que abre Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres.
Leia entrevista com o autor, por Terciane Alves [Revista Língua Portuguesa], em matéria intitulada: O Idioma de Clarice.
Leia entrevista com o autor, por Terciane Alves [Revista Língua Portuguesa], em matéria intitulada: O Idioma de Clarice.
12 comentários:
Que delícia sua indicação!
Minha amiga que mora em Portugal, me falou desse livro e vai enviá-lo para mim de presente. Fiquei mais empolgada ainda para ele chegar e iniciar logo a leitura.
Excelente crítica.
Um abraço!
Oi,
Como vai? Hoje para mim você acertou em cheio na indicação. Amo Clarice Lispector, além desta sua indicação, eu indicaria também a sua bibliografia completa. Esta autora, sabe como ninguém desvendar os subterfúgios da alma humana.
Abraços...
Mas que coincidência...eu sou a amiga de que a Lívia fala! E só vim aqui porque o encontrei como meu novo seguidor e quis espreitar o seu blogue e agradecer a visita...
Acabei por ficar aqui por aqui a ler...
BEIJO
Lindo o post sobre Clarice.
Gostei muito de vir aqui.
Beijinho.
Fernanda.
O Museu da Língua Portuguesa (motivo suficiente para uma pessoa ir a São Paulo) organizou uma exposição riquíssima sobre Clarice Lispector. Eu não estive lá na época, mas dei sorte, pois a exposição veio a Brasília em seguida. Ler cartas que ela escreveu (para o filho e para amigos) , conhecer um pouco de seus hábitos (adorava cachorros, por exemplo), vê-la num longo depoimento em filme, tudo isso aumentou ainda mais em mim a curiosidade pelo trabalho da escritora, que não julgo fácil de assimilar. Eu mesmo tenho de estar no clima certo para ler o que ela escreveu.
muito bacana o seu blog . sempre procuro blogs relacionados a literatura para seguir
e o seu blog para mim foi um grande achado.
vou segui-lo e colocar o seu link no meu blog , para não perde-lo de vista !
um grande abraço , meu velho !
Luiz,
Passei pra agradecer a visita e me deparo com um espaço maravilhoso. Vou ficar!
Quem não ama clarice!?
Bj
Olá, que maravilha!! Vim agradecer sua presença em meu blog e apreciar o seu. Parabéns, um belo espaço temos aqui! Já sou seguidora e leitora.
Beijos!
Ela é maravilhosa.
Ótima a sua indicação, mal posso esperar para ter esse livro em mãos *---*
Lindo seu blog, passarei por aqui mais vezes.
Espero-te no meu cantinho *---*
Beijão ;*
Impossível ñ te seguir (EU QUEM DIGO)
Muito obrigada pela sua visita,pelo seu sensível comentário...
Só espero sempre lhe retribuir...
Amei teu porto,aqui encontrei td q me realiza
Cultura aos montes
Beijos meu mais novo amigo
Olá meu querido! Vim como retribuição pela sua visita e me deparo com esta bela indicação.
Com certeza, ficarei por aki. E à partir de agora junto a minha Egrégora à dos demais que cá já se encontram. ;)
Clarisse é inigualável!
Abraços!!!
Meus olhos brilham, precisas ver...maravilhosa a sua dica, vou comprar sim e já, se possivel ainda hj, doida pra ler...compro meus livros no submarino e ainda não tinha visto este, tb tenho não tenho comprado livros nesses 6 ultimos meses...como fã de Clarice que sou, vou querer mais é devorá-lo.
Meu beijo e meu muito obrigada.Teu blog é verdadeiramente de interesse publico.
Erikah
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