ESCRITORES

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Caetano Veloso & Gilberto Gil - Entre a canção e o cinema





Compreender um texto significa ter acesso às formas de construção de sentidos por ele articuladas. A bela canção Cinema Novo, de Caetano Veloso e Gilberto Gil (Tropicália II, 1993), é um trabalho difícil de ser compreendido na medida em que o texto poético foi tecido a partir de citações verbais e musicais, que dependem do conhecimento prévio do leitor ou de uma pesquisa minuciosa. O conjunto de citações, criativamente organizadas do ponto de vista da sonoridade, da sintaxe e da semântica, constitui uma narrativa poética coesa e estruturada, da qual muitas vozes participam para compor e fazer desfilar, em ritmo de samba que tem um enredo, sem ser samba-enredo, um rico panorama estético, histórico e social brasileiro. Uma sequência de cenas cantadas.
Letra e música se oferecem como duas vozes em harmoniosa tensão que, ao instaurar outras vozes estéticas, sociais, culturais, reconstituem uma fatia da história do país, constroem e produzem sentidos, sugestões sobre a produtiva articulação estética/política. Seria possível afirmar que estamos diante de um texto polifônico, com vozes que se harmonizam para concretizar a história a ser contada/cantada/vista. Essa heterogeneidade, coro harmonioso de vozes e imagens, é uma forma criativa de o compositor expor sua posição e fazer uma homenagem, instaurando vozes para construir sua fala em resposta a discursos que circulam sobre os movimentos estéticos abordados.
É necessário aproximar-se da materialidade verbo-musical da canção, aqui abordada enquanto letra, observando suas estratégias linguísticas, estéticas, os discursos que aí circulam e os sujeitos que a constituem e por ela são constituídos. Vamos ouvir/olhar a canção de perto, com lupa, desfrutando suas belezas, sua capacidade de instaurar o mundo, por meio de astúcias linguísticas, textuais, estéticas.
[Por Beth Brait, livre-docente da PUC-SP e da USP, autora, entre outros, de Ironia em Perspectiva Polifônica na Revista Língua Portuguesa - Edição 61]

Veja interpretação completa da letra, acessando: [Revista Língua Portuguesa]

6 comentários:

Sueli Maia (Mai) disse...

Bem interessante!

Com o vídeo tudo fica muito claro.

Mas talvez as experiências se atravessem no momento da leitura. Assim o leitor se insere no texto, ou não.

sempre aprendo por aqui.

abraços

Aleatoriamente disse...

Boa noite Luiz.
Realmente...
E Caetano é um marco. Suas músicas são famosas por ser riquíssimas em literatura. Alta qualidade literária.

Aprendo muito por aqui.
Beijo querido.
Fernanda.

Yon disse...

Muito bom Luiz!
Mais uma diga valiosa deste maravilhoso blog...
Abraços.

Vivian disse...

Olá!!

Obrigada pela visita!E Seja Bem-Vindo!!!
Adorei seu post, gosto das letras do Caetano e do Gil!São sempre bem escritas e muito ricas!!!
Muito bom conhecer pessoas que apreciam a literatura!
Boa semana!
Atenciosamente

Valquíria Calado disse...

Fico maravilhada de achar por acaso(será) um baita conterrâneo, somos peixe dum mesmo rio, o velho chico nas suas curvas tem suas surpresas, um baita prazer amigo, abraços sê bem vindo.

AyméeLucaSs disse...

Ola,
Observando seu blog eu notei que voce gosta muito de ler coisas em que tenha de decifrar...
Um texto logosofico te atrai?
Um amigo com que falo sempre e ele ve meus textos e poemas mi diz sempre que eu tenho este dom, rsrsrs
Parece que voce prefere ler do que escrever, porque seu Blog é rico de trabalhos de pessoas importantes na literatura.
Eu prefiro escrever, e como amo escrever eu evito de estar a ler trabalhos de outros para nao me influenciar e nao parecer que estou seguindo a ideia do outro autor...
Quero ser eu! rsrsrs
E também porque quando me sobra tempo eu quero me ocupar com minhas escritas, que muitas vezes estao rabiscada em um rascunho todo bagunçado... pois ao caminhar ao trabalho, quando estou no trabalho , pela rua em qualquer parte, as ideias pairam no ar e se nao escrevo veloz desaparecem para sempre.
Eu vivo com um lapis e uma folha na bolsa para nao perder nenhum IDEIA que se passa em minha mente... Fernando Pessoa dizia de ser assim e eu adoro o que ele escreveu.
Estou escrevendo um livro de suspense, violencia, drama... Com um pouco de Romance no decorrer da estoria, esta ficando interessante.

Voce que ama a leitura poderia me dizer qual dos mestres de suspenses que escondia o misterio por toda a estoria? Agatha Cristie ou Hitchcock?

Porque um eu sei que revelava para o publico o assassino desde o inicio do livro, mas os personagens da historia nao descobrem até o final e a gente lendo fica querendo contar para o protagonista, porque a gente sabe.
O outro ja revela para o personagens principais mas quem le ou ve o filme fica roendo as unhas para descobrir quem é? hehehe Que é o meu caso... Eu estou tentando fazer assim, nao sei se vou conseguir, rsrs
Eu também faço parte do amigo secreto de natal, por isso cheguei até aqui.
Um abraço!