ESCRITORES

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Magnólia...A Mulher de Costas...O Manto:- A Trilogia Íntima de Marcia Tiburi


[Magnólia] - estreia na literatura da filósofa Marcia Tiburi, coloca em cena uma mulher diante da ausência de uma outra, vasculhando gavetas, relendo cartas, procurando sinais – fatos numerados e repassados em uma narrativa intimista e original. Magnólia, flor e mulher, é também o nome de uma obsessão e de uma busca. O que pode ser encontrado no fundo de uma gaveta há muito emperrada nunca será tão misterioso quanto o que há para ser descoberto através de uma viagem rumo às lembranças e sentimentos ocultos em um ser humano.
Marcia define sua obra como uma “prosa estranha”, que ainda assim é capaz de ser encarada como um romance: todos os fatos permanecem unidos por aquilo que ela chama de “aventura subjetiva”. A personagem principal interage com móveis antigos, papéis rabiscados, livros empoeirados, fotografias desbotadas e, principalmente, lembranças de um passado que reluta em morrer. “Os objetos, sobretudo os inúteis, têm um sentido e um gozo que tornam o resto da vida algo entre a falha e o risco no vazio”, explica a narradora no começo do livro. “Prefiro-os aos seres humanos, aos artifícios, aos ofícios, aos saberes. Entendo-me com a natureza.” Enquanto isso, moscas e besouros de três chifres continuam a voar...

[A Mulher de Costas- Marcia Tiburi traça uma nova visão de uma cultura e de uma região. Reconstruindo a mitologia pampiana e as Lendas do Sul de João Simões Lopes Neto, marcadas pelas guerras fronteiriças e uma inabalável imagem masculina, ela inclui finalmente o discurso feminino numa narrativa épica. Sua personagem é um ser híbrido, princesa moura e salamandra, metamorfoseando-se enquanto atravessa um vasto deserto: a mulher, mitificada e incompreendida, está de costas porque não consegue se encarar, não sabe ao certo o que tem de mito e o que tem de humano. Porém, seguindo o seu caminho, torna-se capaz de encontrar uma voz própria em um cenário marcadamente masculino. Reduzindo, assim, a sua distância e crescendo como ser.

[O Manto] - Depois de 20 anos, um marido volta para casa. A mulher, sem saber o que fazer, se esconde no armário e começa a gravar o que sente. A gravação, caótica como retalhos de uma manta, é remontada aqui por Marcia Tiburi, neste romance que fecha a série Trilogia Íntima, composta por livros interconectados porém independentes que exploram o mesmo território: o íntimo. Um lugar em extinção, que só pode ser preservado por meio de outro elemento cada vez mais raro, a solidão.
Leia excelente resenha de Alex Sens Fuziy na [REVISTA BULA]

Um comentário:

Anônimo disse...

Quando eu vi o título Carrancas Literárias, pensei que alguém estava fazendo jus aos livros de marcia tiburi que só apresentam facetas horrendas.