Caetano Veloso é daqueles artistas que envelhecem da melhor maneira: aprimorando a sua arte. Suas interpretações recentes de antigas gravações mostram que ele não parou no tempo, se reinventando e, ao mesmo tempo, mantendo-se instigante, perturbador, provocador com arte. De quebra relembra-nos um belíssimo poema de Gregório de Matos mesclado a versos doces e nostálgicos. [Alexandre de Omena no YouTube]
Compositores: Caetano Veloso / Gregório de Mattos
Triste Bahia! Oh quão dessemelhanteEstás, e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
Triste Bahia! Oh quão dessemelhante
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim vem me trocando, e tem trocado
Tanto negócio, e tanto negociante.
Triste, oh, quão dessemelhante, triste
Pastinha já foi à África
Pastinha já foi à África
Pra mostrar capoeira do Brasil
Eu já vivo tão cansado
De viver aqui na Terra
Minha mãe, eu vou pra lua
Eu mais a minha mulher
Vamos fazer um ranchinho
Tudo feito de sapê, minha mãe eu vou pra lua
E seja o que Deus quiser
Triste, oh, quão dessemelhante
Ê, ô, galo canta
O galo cantou, camará
Ê, cocorocô, ê cocorocô, camará
Ê, vamo-nos embora, ê vamo-nos embora camará
Ê, pelo mundo afora, ê pelo mundo afora camará
Ê, triste Bahia, ê, triste Bahia, camará
Bandeira branca enfiada em pau forte
Afoxé leî, leî, leô
Bandeira branca, bandeira branca enfiada em pau forte
O vapor da cachoeira não navega mais no mar
Triste Recôncavo, oh, quão dessemelhante
Maria pé no mato é hora
Arriba a saia e vamo-nos embora
Pé dentro, pé fora, quem tiver pé pequeno vai embora
Oh, virgem mãe puríssima
Bandeira branca enfiada em pau forte
Trago no peito a estrela do norte
Bandeira branca enfiada em pau forte
Bandeira...
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