Saiba mais sobre a vida e obra da poeta Rita Santana, em:
[www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/404-rita-santana]
[www.letras.ufmg.br/literafro/resenhas/poesia/116-rita-santana-alforrias]
AMÁSIA
Vem, homem, ofereço-te fibras duras
Da doida serpente que me guarda.
De paz sei pouco, dinamito em gritos.
Trago silêncios vazios que adornam as mulheres.
Se quiseres, beijo teu falo, e me ponho a falar
Das coisas que aprendi entre as pedras do rio.
Aproveita o calendário, a oferta das horas,
Diz-me adorar meus seios flácidos, minha embriaguez de puta.
Lambe com disputa asceta os meus meios, meus fundos.
Deixa banhar de olhos os pêlos, a jactância têxtil,
Os arroubos de gado livre.
Faço-me de mulher boa, apascentada e morna.
Banho-te, filho advindo das trevas, na cisterna,
No poço fundo e frio dos meus mistérios.
Aqueço teus ossos com minhas carnes cativas
Ao que em ti é arrefecido.
Prometo, eu Amásia, amaciar o teu sono,
Enganar tua vaidade viril,
Avaliar sem critérios teu caráter de macho.
Depois, deixa a luz acesa e corre.
Ergo-me, esquecida de tantos deuses vingativos,
E abro a caixa de Pandora.
Leia outros poemas da autora integrantes do livro "Alforrias", acessando:
[http://www.uesc.br/editora/livrosdigitais2015/alforrias.pdf]
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