ESCRITORES

ESCRITORES

A eclosão de dimensões metafóricas na lírica de Rita Santana





Saiba mais sobre a vida e obra da poeta Rita Santana, em:
[www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/404-rita-santana]
[www.letras.ufmg.br/literafro/resenhas/poesia/116-rita-santana-alforrias]

AMÁSIA
Vem, homem, ofereço-te fibras duras
Da doida serpente que me guarda.
De paz sei pouco, dinamito em gritos.
Trago silêncios vazios que adornam as mulheres.
Se quiseres, beijo teu falo, e me ponho a falar
Das coisas que aprendi entre as pedras do rio.
Aproveita o calendário, a oferta das horas,
Diz-me adorar meus seios flácidos, minha embriaguez de puta.
Lambe com disputa asceta os meus meios, meus fundos.
Deixa banhar de olhos os pêlos, a jactância têxtil,
Os arroubos de gado livre.
Faço-me de mulher boa, apascentada e morna.
Banho-te, filho advindo das trevas, na cisterna,
No poço fundo e frio dos meus mistérios.
Aqueço teus ossos com minhas carnes cativas
Ao que em ti é arrefecido.
Prometo, eu Amásia, amaciar o teu sono,
Enganar tua vaidade viril,
Avaliar sem critérios teu caráter de macho.
Depois, deixa a luz acesa e corre.
Ergo-me, esquecida de tantos deuses vingativos,
E abro a caixa de Pandora.

Poema integrante do livro Tratado das Veias (Fundação Cultural do Estado da Bahia, 2006)
Alforrias
Tratado das Veias

Leia outros poemas da autora integrantes do livro "Alforrias", acessando:
[http://www.uesc.br/editora/livrosdigitais2015/alforrias.pdf]


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