ESCRITORES

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Algo de físico na linguagem poética de Ricardo Aleixo


Ricardo Aleixo, mineiro de Belo Horizonte, é um de nossos principais poetas. Também é músico e artista plástico. Estreou em 1992, com Festim. Desde então publicou livros como Impossível Como Nunca Ter Tido um Rosto, Modelos Vivos e Antiboi. Como performer, já se apresentou na Europa e em várias cidades do Brasil. Tem uma seleção do melhor de sua poesia reunida pela Editora Todavia na antologia Pesado Demais para a Ventania.
O poeta, músico e artista plástico Ricardo Aleixo também evoca urgências políticas em seu Antiboi. Em seus 32 poemas, escritos entre 2013 e 2017, questiona a tradição do “país que usa seus bois como usa sua gente”, como escreve o poeta Ricardo Domeneck na orelha do livro. Muitos dos poemas, neste que é seu nono livro, foram publicados nas redes sociais.

Ricardo Aleixo não é um, mas vários. Há em sua obra, cuidadosamente trabalhada desde a estreia em livro nos anos 1990, uma mescla do melhor da poesia e das artes brasileiras dos séculos XX e XXI. Aleixo é lírico e profundo como os melhores poetas mineiros desde Drummond; é experimental como os concretistas; carismático na mistura de lirismo, depoimento pessoal e irreverência como Leminski; performático e interessado na música e no teatro; contundente na denúncia do racismo brasileiro como Mano Brown. Em todas essas facetas, o poeta mineiro demonstra engenho e arte para falar do amor, da família, da cultura afro-brasileira, das grandes cidades e da própria literatura. Um mestre contemporâneo, em suma.

Finalista do Prêmio Oceanos 2018 com Antiboi, Ricardo Aleixo associa de modo singular a experimentação formal e o sentido crítico em relação às questões sociais, em particular o racismo. Enquanto negro, faz a radicalidade estética extravasar do livro para performances em que corpo e identidade servem de suporte para questionamentos éticos tão afiados quanto sua poética.


Assista à performance Fruto estranho, de Ricardo Aleixo, no canal da Flip:

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