Observe a pintura acima. Você notou que ela apresenta vários contrastes? Primeiramente nota-se a luz, o jogo de claro e escuro que o autor empregou. Agora preste atenção na figura do anjo: ela é ambígua. O garoto que o representa não tem postura nem expressão angelicais. A pureza, a ordem, a calma, a doçura e a bondade normalmente associadas aos anjos estão ausentes do quadro. A expressão do rosto é algo entre malícia e travessura; seu corpo está numa posição contorcida, não se vê o braço esquerdo, que está voltado para trás. Trata-se de um pré-adolescente que já apresenta certo grau de sensualidade, incompatível com sua condição angélica. No entanto, ele é um anjo, um anjo especial: Eros, o deus do amor. É alado, mas suas asas são escuras e a ponta de uma delas dobra-se sensualmente sobre a perna esquerda. Ele representa uma fusão entre o sagrado e o profano. A pintura é um esplêndido exemplo da arte barroca, cuja principal característica é a dualidade, o contraste.
Por Clenir Bellezi de Oliveira , Literatura sem segredos, Volume-1, Escala Educacional.
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